Evento foi promovido pela Prefeitura de Maceió, em parceria com o
Conselho Municipal da Condição Feminina
Um público de quase trezentas pessoas, entre profissionais dos serviços públicos municipal, estadual e federal envolvidos no enfrentamento à violência contra a mulher, representantes de organizações não governamentais e estudantes, lotou o auditório do Sesc Poço, durante seminário promovido pela Prefeitura de Maceió, em parceria com o Conselho da Condição Feminina.
Na abertura do evento, organizado pelas secretarias municipais de Direitos Humanos, Segurança Comunitárias e Cidadania, Saúde; de Educação e Assistência Social, a presidente do Conselho, Eulina Neta, destacou a importância da articulação das secretarias para realização de um trabalho integrado de enfrentamento à violência contra a mulher no município.
No mesmo sentido, o secretário municipal Pedro Montenegro (Semdisc), ressaltou que só a integração entre os órgãos e destes com as organizações da sociedade civil é capaz de movimentar a engrenagem simbolizada pelas ações isoladas de cada segmento.
“Só podemos combater e prevenir a violência com parceria em todos os âmbitos. Por isso, estamos bastante satisfeitos com a presença maciça de todos os que ajudam a movimentar essa engrenagem”, resumiu Montenegro.
Atendimento
Durante sua conferência, a assistente social Dilcilete Queiroz, da Secretaria Municipal de Saúde, falou da importância da divulgação do fluxograma de atendimento de urgência e emergência à mulher em situação de violência.
“Quanto mais houver informação sobre como e onde buscar ajuda, em casos de ameaça, agressão física e violência sexual, mas chances haverá da realização de um atendimento imediato e qualificado”, destacou.
Galeria de imagens e o fluxograma com telefones dos serviços de atendimento de urgência e emergência à mulher em situação de violência podem ser obtidos no
Ciúme e embriaguez são causas mais freqüentes de violência
Pesquisa realizada pela ONG Maria Mariá nas Delegacias da Mulher,em 2009, apresentada pela conferencista Andréa Pacheco aos participantes do seminário “Enfrentando a Violência contra a Mulher, em Maceió”, revelou que 84 vítimas eram analfabetas; 252, alfabetizadas; 230, possuíam apenas o nível fundamental; 178, o ensino médio; 85, o ensino superior; e 67 não informaram seu nível de formação. A maioria (315) , tendo como base 856 ocorrências, se apresentou como dona de casa, com idade predominante entre 26 e 40 anos.
Desse universo pesquisado, segundo Andréa, 434 sofreram ameaça e 415 lesão corporal. Também foi apurado que as agressões acontecem mais aos domingos (205) e a grande maioria nas próprias casas das vítimas (598).
Ainda segundo a pesquisa, foram registrados mais casos nos bairros do Tabuleiro (131) e Benedito Bentes (92), seguidos do Jacintinho (84), Clima Bom (45), Vergel do Lago (43), Ponta Grossa (22), Trapiche (19), Prado (15), Farol (27) e Jatiúca (16).
“Nos boletins de ocorrência, as ameaças relatadas e as justificativas apontadas pelos agressores são: ciúme, embriaguez, problemas pessoais, desemprego e até desobediência da mulher”, lembrou a pesquisadora.
Durante a conferência, a “Gênero e Violência”, a professora Elvira Barreto, do Núcleo Temático Mulher e Cidadania da Ufal, fez uma abordagem geral sobre a violência da mulher em todo o mundo e falou justamente sobre o componente histórico patriarcal da sociedade.
“O universo feminino foi sempre relacionado à docilidade, sensibilidade, comportamentos apaziguadores, tendência à inferioridade em relação ao masculino, que aparece relacionado à força, à virilidade, a comportamentos agressivos, o protetor, o proprietário”.
Já a promotora de justiça Stela Valéria Cavalcanti, ao falar sobre os aspectos atuais da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), avaliou que as mulheres estão denunciando mais e geralmente na primeira agressão. Com base em dados da delegacia da Mulher, em Maceió, Stela afirmou que a reincidência na prática delituosa está diminuindo paulatinamente.