terça-feira, 10 de novembro de 2009

Fórum Permanente do Comércio abre espaço para consulta pública sobre violência


Entidade defende planejamento, mesmo reconhecendo a necessidade de ações imediatas


Vítimas constantes da violência em Maceió, os representantes de 27 entidades representativas do Fórum Permanente do Comércio de Maceió (Foco) abriram espaço na sua reunião ordinária para apresentar sugestões ao Plano Integrado de Promoção ao Direito Humano à Segurança (Maceió Mais Segura). A consulta pública aconteceu na manhã desta sexta-feira, no Sebrae/Alagoas.


“Apesar da necessidade imediatista de soluções, dada a força que a violência atingiu, nos últimos anos, o Foco está sensível à discussão sobre a violência em Maceió e se dispõe a participar do planejamento de ações, visando o resgate da segurança na capital e no estado”, afirmou o coordenador do Foco, Roberval Cabral.


Na avaliação do secretário municipal de Direitos Humanos, Segurança Comunitária e Cidadania, Pedro Montenegro, a iniciativa do Foco de aderir à consulta pública possibilitou a reunião de uma série de relatos sobre a repercussão da violência nos diversos segmentos representativos da entidade.
“Sentimos que o setor quer ações concretas e rápidas, mas está consciente da necessidade de uma política duradoura e eficiente de prevenção à violência”, destacou Montenegro.


Despreparo


Para o presidente da Federação do Comércio de Alagoas, Wilton Malta, o despreparo policial e a ausência de pesquisas aprofundadas sobre as razões da violência são apenas dois dos inúmeros pontos que influenciam à insegurança pública.


“A informação é fundamental. As ocorrências nas delegacias, por exemplo, não há banco de dados georeferenciados”, destacou o presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Jean Paul Torres.


De acordo com o presidente da Aliança Comercial dos Retalhistas, João Correia, 100 mil pessoas circulam no comércio de Maceió e há um número reduzido de policiais rondando diariamente no local. “O Estado evoluiu e o contingente de militares é menor que há outros tempos; há muito militar nos gabinetes”, ressaltou.


Para o presidente do Sindicato dos Panificadores, Alfredo Dacal, só um fórum de especialistas pode encontrar soluções; resoluções isoladas podem amenizar, mas o assunto tem que ser discutido em nível nacional. “O Brasil tem que parar para discutir a violência e a droga neste país”, enfatizou Dacal.


Assaltos frequentes


Já o empresário Valdomiro Feitosa, outro representante do segmento da panificação, lembrou que o setor de panificação é assaltado quase todo mês. “Deixamos de chamar a polícia, quando ela vem, chega atrasada e vai registrar na Delegacia e não tem material", dasabafou.


O presidente da Associação dos Lojistas do Maceió Shopping, João Maciel, chamou a atenção para a relação entre o aumento da violência e a falta de perspectiva da população. “Tanto os nossos consumidores, quanto os nossos funcionários são jogados aos lobos, quando saem do shopping. Temos relatos de assaltos freqüentes nos pontos de ônibus e por que tanto policial dando segurança a quem pode pagar ?, questionou Maciel.


Falando em nome da Associação dos Supermercados de Alagoas, o presidente da entidade, Raimundo Barreto , destacou que os estacionamentos de supermercados e os mercadinhos, sobretudo na periferia, são constantes alvos de assaltantes.


“Na área do nosso estabelecimento, por exemplo, contratamos segurança para a rua toda, cada um contribuindo, para minimizar a situação de bandidagem, mas nem todos os donos de mercadinhos de periferia têm a condição de manter segurança própria", ressaltou, acrescentando que a situação da periferia se agrava pela falta de empregos. “O Estado precisa de indústrias, não só de supermercados e de shoppings”, enfatizou.


Para André Santos , representante da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), não adianta a preocupação com a violência, se não houver preocupação com geração de renda. “Além disso, temos que qualificar policiais e a própria guarda municipal. É preciso lembrar também que boa parte das empresas de segurança do Estado é administrada por policiais. Isso é grave”, pontuou.


Impunidade


Na avaliação do presidente da Federação dos CDLs de Alagoas, Egnaldo da Silva, a impunidade agrava a violência. “A polícia prende, mas com pouco tempo os bandidos estão na rua de novo; isso é um desestímulo ao trabalho profissional. É importante também importante o aumento do número de contingente de policiais”, sugeriu.


A impunidade é uma realidade que prevalece há muito tempo no Estado, resume Ronaldo de Moraes, representante do Sebrae. “Ambiente onde tudo é possível; falta de repressão e controle.A tendência do que está acontecendo em Maceió é acontecer o mesmo em Arapiraca. Os problemas da capital não estão desvinculados do interior. É preciso que a gente se envolva mais, que tenha um olhar ampliado para a situação”.


O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Maceió e secretário adjunto da Secretaria da Paz. Wilson Barreto, fez questão de destacar que não há cultura da paz, sem uma atuação articulada dos diferentes segmentos públicos e privado, incluindo as da saúde, educação, cultura. “Acredito que a união das duas secretarias (Semdisc e Sec da Paz) vai trazer muitos pontos positivos para Maceió e Alagoas”.


As consultas públicas prosseguem dias 12, às 20 horas, como moradores do Cleto Marques Luz; e dia, 13, às 19 horas, com moradores do Tabuleiro. Contato para sugestões e agendamentos de consultas públicas: semdisc@gmail.com Endereço/Semdisc - Praça Sinimbu, Centro (ao lado do Juizado Especial Criminal).